sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

RAÍZES DA ÁFRICA



Assumano, Alabá, Abaca, Tio Sani
E Abedé me batizaram na lei do mussurumi

Bonito, Assumano, Alabá, Abaca, Tio Sani
E Abedé me batizaram na lei do mussurumi
Ô quá!

(coro)

Como vêem tenho o corpo todo cruzado e fechado
Carrego exé na língua, não morro envenenado
Assumano!

(coro)

Viajei semana e meia daqui pro Rio Jordão
Lugar em que fui batizado com uma vela em cada mão
Alabá!

(coro)

Cinco macota d'Angola me prepararam de berço
Enquanto Hilário Jovino me cruzou com sete terços

(coro)

Mesmo assim, me considero um insigne mirim
Filho de cuemba não cai Ogum, Xangô, Alafim."

(coro)

Um comentário:

  1. Edi.Brasil disse:

    fonte:
    http://www.hemisphericinstitute.org/course-rio/perfconq04/materials/text/males.htm

    (leiam no link a entrevista com Aniceto e Tia Carmen, de 105 anos, e as raízes
    malês e muçulmanas dos negros no Rio)

    (do próprio link:)

    Os versos ... pertencem ao carioca Aniceto de Menezes e Silva Júnior, o Aniceto do Império.

    ...

    -Seu Aniceto, o samba Raízes da África é auto-biográfico; perguntamos nós através do telefone.

    - Nem tanto, nem tão pouco; respondeu-nos.

    Após o breve diálogo só uma ida a Nova lguaçu - RJ, residênca do compositor, foi capaz de esclarecer a tanto quanto enigmática resposta. Em lá chegando e convidados para sentar a seu lado, Aniceto, organizadíssimo, pegou seu livro índice e localizou a canção número LXXI (ele numera suas canções em algarismos romanos, segundo diz, para não esquecer o que aprendeu na escola): Raízes da África. Pedindo auxílio de parente, coloca na vitrola a gravação da música e assim consegue lembrar de alguns versos perdidos no tempo.

    De posse da letra do samba, começamos a conversar a respeito das ilustres personagens e Aniceto, empolgado, traçava um rápido perfil dos que ainda lembrava.

    — Assumano eu não conheci, assim como Abaca e Abedé. João Alabá morava na Rua Barão de São Félix. Em sua casa havia uma cadeira de espaldar. Certa vez sobre ela sentei, levado por meu pai, Aniceto de Menezes e Silva. Estava com uma dor de cabeça renitente e João Alabá escreveu uns rabiscos em minha testa sete vezes da direita para a esquerda e após a última vez acabara a dor de cabeça".

    — E Tio Sani, Seu Aniceto, o senhor o conheceu: O jornalista João do Rio menciona em seu livro "As Religiões do Rio".

    — O livro eu não conheço meu jovem. Tio Sani morava na rua dos Andradas e morreu em Turiaçu, do lado da Conselheiro Galvão. Foi lá que o conheci. Ele até me deu um patuá que guardei por muito tempo. Ele era muito respeitado e trabalhava, assim como os mussurumins, com os astros - o sol, a lua. Alguns deles eram fortes sob a luz do sol e fracos sob a luz da lua e outros pelo contrário eram valentes à noite e lerdos durante o dia.

    — E Hilário Jovíno?

    — Este era valente, morava na Ladeira da Providência.

    ResponderExcluir