quarta-feira, 13 de maio de 2009
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Notas da Capa - por Élton Medeiros
O meu respeito e a minha admiração por Aniceto vêm do tempo em que eu era um jovem compositor da Escola de Samba Aprendizes de Lucas, que se fundiu com o Unidas da Capela para resultar na atual Unidos de Lucas.
Nessa época, eu procurava comparecer a todas as reuniões que pudessem enriquecer o meu conhecimento do mundo do samba.
Em várias delas, encontrei Aniceto do Império com o seu partido alto de forte influência rural (caxambu), a improvisar com espantosa facilidade, dando uma rica demonstração de um tipo de manifestação cultural poucas vezes registrado em disco.
Nílton Campolino — seu companheiro neste LP e também no Império Serrano —, conheci-o numa roda de partido alto na Ilha de Paquetá, há muitos anos, em um dos piqueniques que ali realizava, sempre nos dias 1º de maio, um boêmio de nome Samuel.
Tornei a vê-lo outras vezes e chagamos até participar da mesma roda de partido.
Com o tempo, perdi-os de vista, mas não de memória, tanto que ao ser convidado apra produzir um disco para a FEMURJ, lembrei-me prontamente de Aniceto.
Procurei localizá-lo e reuní-lo a Campolino, a quem já havia reenconrada numa festa do GRAN Quilombo e a quem mais tarde transmiti minhas idéias sobre este trabalho.
Ao reuní-los, tudo ficou mais fácil, graças não só a eles mas também ao Valdir 7, líder do Grupo Chapéu de Palha, aos componentes do próprio Grupo, ao conjunto As Autênticas, ao Toninho Barbosa, ao Braz Bezerra, ao Oswaldo Carneiro e ao conhecedor das manifestações populares Moacyr Andrade, a que passo a palavra.
Nessa época, eu procurava comparecer a todas as reuniões que pudessem enriquecer o meu conhecimento do mundo do samba.
Em várias delas, encontrei Aniceto do Império com o seu partido alto de forte influência rural (caxambu), a improvisar com espantosa facilidade, dando uma rica demonstração de um tipo de manifestação cultural poucas vezes registrado em disco.
Nílton Campolino — seu companheiro neste LP e também no Império Serrano —, conheci-o numa roda de partido alto na Ilha de Paquetá, há muitos anos, em um dos piqueniques que ali realizava, sempre nos dias 1º de maio, um boêmio de nome Samuel.
Tornei a vê-lo outras vezes e chagamos até participar da mesma roda de partido.
Com o tempo, perdi-os de vista, mas não de memória, tanto que ao ser convidado apra produzir um disco para a FEMURJ, lembrei-me prontamente de Aniceto.
Procurei localizá-lo e reuní-lo a Campolino, a quem já havia reenconrada numa festa do GRAN Quilombo e a quem mais tarde transmiti minhas idéias sobre este trabalho.
Ao reuní-los, tudo ficou mais fácil, graças não só a eles mas também ao Valdir 7, líder do Grupo Chapéu de Palha, aos componentes do próprio Grupo, ao conjunto As Autênticas, ao Toninho Barbosa, ao Braz Bezerra, ao Oswaldo Carneiro e ao conhecedor das manifestações populares Moacyr Andrade, a que passo a palavra.
ÉLTON MEDEIROS
Abril/1977
Abril/1977
Notas da Capa - por Moacyr Andrade
Nossa escassa bibliografia especializada em música popular só epidermicamente trata do partido alto.
A discografia, menos ainda—embora, curiosamente, mais de um historiador regiestrem em seus estudos a gravação de um "samba de partido alto", Em Casa da Baiana, de autor desconhecido, já na segunda década do século mas antes de Donga registrar, em 1916, a parte de piano de Pelo Telefone, por muitos admitido como o primeiro samba gravado.
Haveria aí um equivoco, pois Em Casa da Baiana era interpretado apenas "por um conjunto instrumental", faltando-lhe o essencial no partido, que é o versejar improvisado.
Esse equívoco inicial tem sua versão moderna numa burla muito comum nos días atuais: o partido arrumadinho, de improvisos apenas fingidos, verdadeira contrafação de estúdio.
Não é o que este disco oferece.
Aqui está o autêntico partido de terreiro, de improviso a um só tempo ágil e vigoroso, dito por vozes ásperas e poderosas.
Aniceto do Império (Aniceto de Menezes e Silva Junior, 65 anos) e Nílton Campolino (Nílton da Silva, 47 anos) são partideiros remanescentes, de largo currículo no batuque e no jongo, de convívio até com formas mais primitivas do amálgama que os dois ajudaram a cristalizar na feição do partido alto que fazem e cantam.
Aniceto, estivador aposentado, porte físico de rei negro, foi um contemporâneo mais jovem das figuras lendárias — Aço Humano, João Alabar e outros, todos "rezadores" — de que fala em Raízes da África, a faixa que abre o lado B deste LP.
Campolino, gráfico de profissão, conheceu garoto a Maria Sara de quem nos conta, "uma senhora que brincava jongo, dava amarrada de frente nos batuques e pernada no samba duro".
Foi nesse ambiente que se formaram e tinham, pois, lastro para fazer o que fizeram há 30 anos: participar, ao lado, entre outros, de Molequinho (Sebastião de Oliveira), Fuleiro, Antônio Papo, Comprido e Zé da Grota, do núcleo que fundou o Império Serrano.
A Aniceto coube a honra de puxar, numa Festa da Penha, o primeiro samba feito no Império, de autoria de Molequinho.
Aqui, ele praticamente faz sua estréia em disco (há alguns anos cantou dois de seus maravilhosos partidos em um LP com outros compositores de escolas).
Para Campolino, trata-se realmente do batismo: ele jamais gravara antes.
A discografia, menos ainda—embora, curiosamente, mais de um historiador regiestrem em seus estudos a gravação de um "samba de partido alto", Em Casa da Baiana, de autor desconhecido, já na segunda década do século mas antes de Donga registrar, em 1916, a parte de piano de Pelo Telefone, por muitos admitido como o primeiro samba gravado.
Haveria aí um equivoco, pois Em Casa da Baiana era interpretado apenas "por um conjunto instrumental", faltando-lhe o essencial no partido, que é o versejar improvisado.
Esse equívoco inicial tem sua versão moderna numa burla muito comum nos días atuais: o partido arrumadinho, de improvisos apenas fingidos, verdadeira contrafação de estúdio.
Não é o que este disco oferece.
Aqui está o autêntico partido de terreiro, de improviso a um só tempo ágil e vigoroso, dito por vozes ásperas e poderosas.
Aniceto do Império (Aniceto de Menezes e Silva Junior, 65 anos) e Nílton Campolino (Nílton da Silva, 47 anos) são partideiros remanescentes, de largo currículo no batuque e no jongo, de convívio até com formas mais primitivas do amálgama que os dois ajudaram a cristalizar na feição do partido alto que fazem e cantam.
Aniceto, estivador aposentado, porte físico de rei negro, foi um contemporâneo mais jovem das figuras lendárias — Aço Humano, João Alabar e outros, todos "rezadores" — de que fala em Raízes da África, a faixa que abre o lado B deste LP.
Campolino, gráfico de profissão, conheceu garoto a Maria Sara de quem nos conta, "uma senhora que brincava jongo, dava amarrada de frente nos batuques e pernada no samba duro".
Foi nesse ambiente que se formaram e tinham, pois, lastro para fazer o que fizeram há 30 anos: participar, ao lado, entre outros, de Molequinho (Sebastião de Oliveira), Fuleiro, Antônio Papo, Comprido e Zé da Grota, do núcleo que fundou o Império Serrano.
A Aniceto coube a honra de puxar, numa Festa da Penha, o primeiro samba feito no Império, de autoria de Molequinho.
Aqui, ele praticamente faz sua estréia em disco (há alguns anos cantou dois de seus maravilhosos partidos em um LP com outros compositores de escolas).
Para Campolino, trata-se realmente do batismo: ele jamais gravara antes.
MOACYR ANDRADE
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Ficha Técnica:
PRODUÇÃO FONOGRÁFICA:
FUNDAÇÃO ESTADUAL DE MUSEUS DO RIO DE JANEIRO
FEMURJ
PRODUÇÃO ARTÍSTICA:
ÉLTON MEDEIROS
TÉCNICO DE GRAVAÇÃO E MIXAGEM:
TONINHO BARBOSA
LAY-OUT:
OSWALDO CARNEIRO
FOTOS:
BRAZ BEZERRA
ESTÚDIO:
SONOVISO/Rio de Janeiro (RJ)
CORO:
AS AUTÊNTICAS
(Lays, Nadir, Graciete, Matilde)
ACOMPANHAMENTO:
GRUPO CHAPÉU DE PALHA
FUNDAÇÃO ESTADUAL DE MUSEUS DO RIO DE JANEIRO
FEMURJ
PRODUÇÃO ARTÍSTICA:
ÉLTON MEDEIROS
TÉCNICO DE GRAVAÇÃO E MIXAGEM:
TONINHO BARBOSA
LAY-OUT:
OSWALDO CARNEIRO
FOTOS:
BRAZ BEZERRA
ESTÚDIO:
SONOVISO/Rio de Janeiro (RJ)
CORO:
AS AUTÊNTICAS
(Lays, Nadir, Graciete, Matilde)
ACOMPANHAMENTO:
GRUPO CHAPÉU DE PALHA
Valdir 7 (violão de 7 cords, violão de 6 cordas, viola caipira e palmas)
Toco Preto (cavaquinho)
Jaime (pandeiro e palmas)
Parada (atabaque, surdo, agogô, prato-e-faca)
Zezinho (reco-reco, pandeiro e palmas)
Dinho (chocalho vegetal, surdo, agogô e palmas)
Doutor (surdo de repenique e agogô)
Toco Preto (cavaquinho)
Jaime (pandeiro e palmas)
Parada (atabaque, surdo, agogô, prato-e-faca)
Zezinho (reco-reco, pandeiro e palmas)
Dinho (chocalho vegetal, surdo, agogô e palmas)
Doutor (surdo de repenique e agogô)
O SEGREDO DA TIA ROMANA
Mãe a Tia Romana plantou cana
Pra São João festejar
Tia Romana cria gado
Como tem canaviar
Todo mundo dizia...
(coro)
[Não dá]
Tia Romana [Não dá]
Tia Romana [Não dá]
Olha Tia Romana [Não dá]
Foi plantada à meia-noite
E às onze foi cortada
Quem não conhece mandinga
Fica quieto pra acertar
Para não escutar que ...
(coro)
No dia de Santo Antônio
Eu resolvi ir jongar
Quando chegou o demônio
Tia Romana pegou a pular!!
E quá quá quá!
E quá quá quá!
A meia noite surgia
Fedia enxofre no congá!
Todo mundo sabia...
(coro)
O gado combina com a cana
A cana não quer combinar
O gado muge de raiva
E a cana faceira a se balançar!!
e dissendo não dá
(coro)
Tia Romana ...
Só de oiá Romana
Deixa de ser teimosa, ô tia Romana!!
E bote a cabeça no lugar
Oh não sabe não dá!!!
Não dá!!
Olha Tia Romana
QUEM TEM, TEM
Quem tem tem, quem não tem vai arranjar
Quem tem tem, quem não tem vai arranjar
Se o amigo tem duas mulheres
Olha é bom deixar pra lá
Curtição da tua vida
É tarefa de cansar
Vão trabalhar!
(coro)
Teu primo-irmão tem dinheiro
Você não quer trabalhar
E fica no botequim
Com os amigos a vagar
É de amargar!
(coro)
Vambora criança
Se passa um cidadão
Ficas ao admirar
Por ele estar bem trajado
Também pode se trajar
Sem raptar!
(coro)
Muita gente aposentada
Às onze vai almoçar
É motivo para crítica
Sua doença é falar
Vai se matar!
(coro)
Todo aquele que critica
Devia se preparar
Auto critica não fazes
Se referva e quer brigar
Assim não dá!
(coro)
Vai arranjar outro
(coro)
UM BOCADINHO SÓ
Sapateia no cimento sem levantar pó
Com candência Dona Maria Jiló
Mas devagar Iáiá
Um bocadinho só
É devagar Iáiá
(coro)
Devagar Iáiá
(coro)
Quem sabe sapatear não levanta pó
Quer seja no asfalto ou em Gericinó
Mas devagar Iáiá
(coro)
É devagar Iáiá
(coro)
Devagar Iáiá
(coro)
A Dona Maria é de Brocoió
Para sapatearlegal é ela só
Mas devagar Iáiá
(coro)
É devagar Iáiá
(coro)
Eu falei devagar
(coro)
Com muita cadência e meloquência
Pra não perder a puxada
Devagar devagarinho Dona Maria descasca
Devagar Iáiá
(coro)
Ai devagar Iáiá
(coro)
Quem sapateia no Guaratimbó (?)
Tem cadência é a noite ou após o sol (?)
Mas devagar devagarinho
(coro)
Mas devagar Iáiá
(coro)
Devagar Iáiá
(coro)
Minha gente, por favor, ouça com muito carinho
Acompanha o andamento do cavaquinho
Devagar devagarinho
(coro)
Mas devagar Iáiá
(coro)
Devagar Iáiá
(coro)
Já solicitei com muita atenção
Acompanhe o violão como bate no bordão
Devagar devagarinho
(coro)
Mas devagar Iáiá
(coro)
Devagar Iáiá
(coro)
O pessoal do ritmo tá enfezado
Dançando mutado batendo no chocalho (?)
Devagar devagarinho
(coro)
É devagar devagarinho
(coro)
Com cadência
(coro)
Com eloquência
(coro)
Que impertinência
(coro)
Ai devagar devagarinho
(coro)
Mas devagar Iáiá
(coro)
Devagar Iáiá
(coro)
Salve as coristas do Bocadinho Só
para cantar elas são a maior
Mas devagar devagarinho
(coro)
Mas devagar Iáiá
(coro)
Ai devagar Iáiá
(coro)
Este partido gravado em sol, caí no ré e vim pro dó
Devagar devagar
(coro)
Devagar Iáiá
(coro)
Ai devagar Iáiá
(coro)
Devagar Iáiá
(coro)
Oi com cadência
(coro)
Sem imprudência
(coro)
Que providência
(coro)
MOCINHO CANTADOR
Mocinho cantador afina tua viola e vem para a roda prosar
(coro)
Eu aceitei o convite tenho prosa pra lerar
(coro)
Diga primeiro teu nome filho de quem tu será?
(coro)
O meu nome é invencível sou filho de Mangangá
(coro)
Eu não creio em ameaça podemos bem disputar
(coro)
Meu padrinho é o Capeta o meu brinquedo é cantar
(coro)
Pois eu sou filho da cruz e neto de Jeová
(coro)
Não provoca quem tá quieto para não te atrapalhar
(coro)
Lhe digo que me garanto verso sem gaguejar
(coro)
verso dois por quatro quatro por oito oito por dezesseis quando quero brincar
(coro)
Homem nao fala de nada só podemos lhe pagar
(coro)
????? maneira seremos amigos para ????????
(coro)
NA VOLTA DO NOVELO
A agulha puxa a linha
Na volta do novelo tá
A agulha puxa a linha
Na volta do novelo tá
Isso é com a tia dela, que conhece a arte de costurar
(coro)
Quando a linha está embaraçada, puxando a agulha vai arrebentar
(coro)
A linha embolou deu nó não pode no fundo da agulha passar
(coro)
Onde está o cavaquinho que eu não ouço ele tocar
(solo)
I, I, Olha a Matilde se escangalhando, que bacana
Palminha pra ela gente
Ó Irandir
Palma pra Ilaíde que ela é fera
São as damas mais bacanas do país
A agulha puxa a linha na volta do novelo teu lugar eu falei
(coro)
A linha picota, senta não costura, Panamá por tear
(coro)
Tia Tereza, mulher cega como pode costurar e ainda diz
(coro)
Ela vai puxando a agulha na volta do novelo tá
(coro)
Ele é terno de peroá não encontrei linha pra costurar
(coro)
Disti si um funrural ataqua manda encampá (?)
Vâmo embora gente
(coro)
Se cada amora é de um ano vê se começas a bordal com o teal (?)
(coro)
ZÉ CIUMENTO
Interessante.
Não sou bonito.
Não tenho dinheiro na algibeira.
Porque tanta marcação do senhor Zé Ferreira?
Ter ciumes de mim, Zé Ferreira
É asneira! É asneira, é asneira.
Ter ciumes de mim, Zé Ferreira
É asneira! [É asneira]
É ou não é? [é asneira]
É ou não é? [é asneira]
Não sou dono de armazém
Nem de barraca de feira
Por isso é que eu digo ciumes de mim,
Senhor Zé Ferreira, é asneira
É ou não é? [é asneira]
ô Senhor Zé Ferreira [é asneira]
É asneira ou bobeira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Não repare o que lhe digo
Sinto a idade que estou
Sententa menos um
Finalidade acabou
Ô Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Ô Senhor Zé Ferreira [é asneira]
É ou não é? [é asneira]
É ou não é? [é asneira]
Não sou novo igual a ti
Não sou homem de sujeira
Por isso é que eu digo ciúmes de mim,
Do Senhor Zé Ferreira é asneira
ou bá é bobeira [é asneira]
Ô Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Zé Ferreira ciumento
Pela sua bela dona
Um conselho de otário
Compre já uma redoma
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Sua mulher é gordita
Até na rua tem geladeira
A minha até mais, entretanto,
O senhor marcou tamanha bobeira
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
É asneira ou bobeira [é asneira]
Ô Senhor Zé Ferreira [é asneira]
Senhor Zé Ferreira [é asneira]
RAÍZES DA ÁFRICA
Assumano, Alabá, Abaca, Tio Sani
E Abedé me batizaram na lei do mussurumi
Bonito, Assumano, Alabá, Abaca, Tio Sani
E Abedé me batizaram na lei do mussurumi
Ô quá!
(coro)
Como vêem tenho o corpo todo cruzado e fechado
Carrego exé na língua, não morro envenenado
Assumano!
(coro)
Viajei semana e meia daqui pro Rio Jordão
Lugar em que fui batizado com uma vela em cada mão
Alabá!
(coro)
Cinco macota d'Angola me prepararam de berço
Enquanto Hilário Jovino me cruzou com sete terços
(coro)
Mesmo assim, me considero um insigne mirim
Filho de cuemba não cai Ogum, Xangô, Alafim."
(coro)
INDESEJÁVEL MULHER
Esta mulher já me perturba demais
Faz um ano e meio que executei minha paz
(coro)
Não lava não cozinha
É deseducada
Só abandona o leito
Às nove da madrugada.
Esta mulher ...
(coro)
O cabelo não vê pente
Isto é uma constante
Usa lenço na cabeça
Que mulher horripilante
É por isso que eu digo ...
(coro)
Mês passado resmungava
Invocada quase apanho
Porque tive a petulância
De mandá-la tomar banho
Esta mulher ...
(coro)
E ainda tem ciúmes
Se parece com alguém ela diz
Faz um ano e meio
Que este mulato é meu bem
Vejam só ...
(coro)
Este é o meu viver
É perturbação demais
Preciso da liberdade
Pra ressucitar a paz
Só porque ...
(coro)
ATROZ CATIVEIRO
Vovô perdeu a alforria foi namorar
Candengo mais novo de Sinhá
Vovô perdeu a alforria foi namorar
Candengo mais novo de Sinhá
Meu avô era o escravo que apanhava o cafundú
De enchada e capinava até pé munhunbú
Era ligeiro e sadio
Vivo que nem urubu
(coro)
Meu avô foi para o tronco
Estava sentenciado
Trinta e cinco chibatadas e banho de mar salgado
Resistiu aos sofrimentos sem mostrar-se acovardado
(coro)
Sinhá tava na janela olhando a execução
Depois de ver perguntava: cadê sua devoção
Nego não casa com branca nem por força de oração
(coro)
Sete dias foi passado sinhazinha o chamou
Vamos tentar a fugida , ta sabendo do pelô ? *
Mas a mucama escondida a conversa escutou
Fez candonga pra Sinhá que prendeu o meu avô
Assim termina a história e luta de um sofredor
Sinhazinha se matou
* deve ser uma referência ao Pelourinho
MARIA SARA
Nilton Campolino meu irmão, isto é samba.
Samba do bom!
Será? Vamos até lá?
... (?)
... Vamos até lá.(?)
Maria Sara deve estar por lá.
E eu quero conhecê-la.
Ela é boa de pagode.
Conhecer Maria Sara como eu conheci
Foi respeitada no samba na terra onde eu nasci
(coro)
Sapateado passou .... fazia por brincadeira(?)
Maria Sara provava ser filha de Madureira
Conhecer ...
(coro)
Quando armava um pagode ela era convidada
Só faltava candidato, Maria Sara esnobava
(coro)
Certa feita perguntaram quem é essa jóia rara
Ela ouviu e respondeu: "Eu sou a maria Sara"
(coro)
Ó mulher
O lugar que tanto louvo é a rua Buriti (?)
à esquerda ... direita da Tatuí (?)
(coro)
JOÃO DO ROSÁRIO
João do Rosário!
João do Rosário!
Diga ao Zeca e a Dora que estou bem
No Rio de Janeiro não estou só
Dizem que pai e mãe é muito bom
Mas a barriga cheia é melhor
Dizem que pai e mãe é muito bom
Mas a barriga cheia é melhor
Depois de velho aqui estou
O meu filho caçula me levou
A Maraa Eunice me cuidou
E depois tudo enfim acabou
(Coro:)
No Rio de Janeiro não estou só
Disse que pai e mãe é muito bom
Mas a barriga cheia é melhor
Uma carta de Ilhéus me chamou
volta ligeiro para Salvador
E de lá para Ilhéus eu lhe dou
Condução de avião , por favor
(coro)
Que confusão danada me causou!
Eu to bem nessa terra onde estou
Nem à carta eu vou responder
Eunice pra mim é fulô
(coro)
Essa carta tirou meu sossego
Mas o filho João não deixou
Aqui perto o Flamento dá show
Tem samba na escola onde vou
Na cidade de Ilhéus, meu senhor
Depois de velho aqui estou
Mas se Ave Maria pra mim
Liberdade que é bom acabou
João do Rosário!
João do Rosário!
VACILAÇÃO NÃO DÁ PÉ
Quer comer? Coma!
Quer beber? Beba!
Você pode até dormir se quiser
Só não pode é perder a linha Zé Mané
Aqui no bairro vacilação não dá pé
Aqui no bairro vacilação não dá pé
Eu ofereci comida, preferi a bebida
Estás no alto do morro o pior é a descida
Então vem comigo
(coro)
Já paguei pra mim cachaça já ofereci corrida
Vê se tu mantém a linha pra garantir sua vida
Cabeça maluco
(coro)
Eu aqui sou conhecido por manter linda razão
Vivo bem com o pacato melhor com o valentão
Mas eu tenho cabeça
(coro)
Nossas senhoras casadas, também solteiras também
Se você diz palavrão, e assim não fica bem
Seu doido maluco
(coro)
VIDEO: Aniceto do Império Em... Dia de Alforria...?
ANICETO DO IMPÉRIO - EM... DIA DE ALFORRIA...? (1981)
A tragetória de um compositor: Fundador de uma Escola de Samba e militante no Cais do Porto: Aniceto do Império Serrano.
Roteiro e Direção: Zózimo Bulbul
Duração: 11 minutos
Baixar aqui. (35MB)
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